domingo, 31 de maio de 2015

Faz tanto tempo que não te vejo, queria o seu beijo outra vez

Foram quase 7 Domingos sem a presença do meu marido e com duas Crianças: uma de 1 ano e 7 meses e um bebê que agora vai completar 3 meses. Desde que eu estava no finalzinho da gravidez, já sofria imaginando com a hora que esse momento aconteceria (o sofrimento por antecedência...). E me preparava "despreparada". O chefe  dele na Alemanha já rodando, enviando e-mails e nada do Lorenzo querer aparecer ( eu ainda não aprendi que o leite só ferve quando a gente sai de perto).


Já deveria estar acostumada, oras! Com a Glorinha ele também já tinha viajado, mas quem disse que gente se acostuma com a ausência da presença de quem a gente ama?! Além disso, com duas crianças pequenas eu tinha mais medo ainda: e se ficassem doentes? Quem me ajudaria a cuidar deles? Enquanto uma pede colo, o que fazer com o outro que quer mamar? E na hora de trocar fralda de um, onde coloco o outro?! E eu, eu? O meu tempo que já era escasso, ficaria como?!
Muitas perguntas sem respostas!
Então, Lorenzo deu sinais que queria vir. Longos e pesados dias e noites de trabalho de Parto, dolorosas contrações que eram suavizadas ora na banheira que a minha Doula querida trouxe pra minha casa, ora com a massagem poderosa executada no quadril. Sem querer ficar mais em casa e na esperança que o trabalho de parto seria mais rápido na Maternidade, lá fomos nós!  E então, Lorenzo veio ao Mundo, mas não dá forma como eu queria, mas da forma que ele quis (valerá outro post!).
O tempo, diga-se de passagem, passa rápido demais. Me recuperei da cirurgia mega rápido. Na segunda semana, eu já dirigia ( só torcia para não ficar gripada devido a dor que eu ainda sentia). Queria poder ter todo aquele tempo que algumas mulheres dispõem para se recuperar, mas duas crianças me esperavam e sei que esperam uma mãe firme e forte para tocar a casa, fazer as compras e cuidar deles. Fora isso, nem eu nem ele temos pais que nos ajudem, nem financeiramente nem com as crianças. A vida não poderia parar!
A procura por babás então começou: colocamos anúncio, pedi indicações às amigas no facebook, no whatsap e por aí foi. Não aparecia ninguém que eu gostasse até que  veio uma moça em casa com a mãe. Ela era calma, Glorinha gostou dela de imediato.
Lembro-me que a mãe dela me perguntou se eu não faria um teste, o que eu respondi: "não precisa, estarei sempre junto."
Um tempo depois ela confessou que achou muito  estranho, já que a maioria das mães contratam babás para poderem justamente ficar sem os filhos!
Um dia antes do meu marido viajar, Glorinha começou a ficar muito chorona e chatinha, o que é muito raro então logo pressenti: doencinha à vista, mas eu sabia que isso não o impediria de viajar e nem poderia porque hoje eu entendo que temos que ser responsáveis e o conheci assim, viajando, respirando o ar dele. Precisávamos desse tempo também para termos saudade.
Com a babá contratada, estaria mais tranqüila e assistida mas o medo, ah o medo e a insegurança não cansavam de me atazanar.
Glorinha então ficou doente: inflamação  no ouvido, nariz escorrendo e logicamente que Lorenzo ficou mal também e, tão novinho, foi diagnosticado com bronquiolite.

Lembro do meu desespero face a uma doença que eu nem conhecia, que nunca tinha ouvido falar.

E lá vamos nós fazer tirar raio X do pulmão de um bebezinho tão frágil e despido para tirar raio x e logo veio à minha mente aqueles bebês que praticamente vivem em Hospitais e como as mães dessas crianças são guerreiras.

Foram 10 dias bem loucos na dependência de pessoas queridas. Não posso me esquecer da minha prima, dinda da Glorinha, que veio aqui e ficou horas e ainda trouxe o inalador, da funcionária aqui de casa que ficou para me ajudar e dormiu algumas noites aqui, da calma da Babá das crianças, da minha vó que cozinhava na casa dela comida para a gente. Não posso me esquecer também de ter sido deixada na mão com duas crianças doente, o que me leva a reafirmar o quão e importante contratar uma babá de verdade e não alguém que faça bicos , por maior que seja o coração, porque está desempregada (cuidar de crianças é pauleira. Não se pode ficar cansada, não há desculpa! Eu que o diga!)

Eu não dormi nada nesses dez dias. Tinha que administrar os antibióticos de 6 e 6 hrs, preparar a inalação, aplicar, dar o peito...

E então eles melhoraram. Passou!

Me prometi um brigadeiro amargo pra contrabalancear o doce da vida que às vezes amarga pra gente dar valor! Mas não comi o brigadeiro até hoje! As terríveis cólicas do Lorenzo me privaram não só de tudo que tem leite, como do Café, do abacaxi, da couve, do feijão.

Ainda nesse período, Glorinha começou a falar mamãe, não, Papai, oi, neném e junto com tudo isso só queria a mamãe, largou a chupeta e de colocar as mãozinhas no meu peito.

Me mudei para o quarto dela já que ela não queria ficar sozinha. Ficamos eu, ela e o Lorenzo. Ela acordava gritando pela mamãe, ele gritando de dor de cólica.

Houveram noites que eu chorei muito mesmo. Desolada, triste, muito perdida. Perdia a paciência e rezava o Pai Nosso em voz alta para me lembrar que não estava sozinha e que tudo o que eu estava passando, era pra me provar que eu conseguiria.
Na manhã seguinte, tudo recomeçava: dar o peito, trocar fralda, passear com o cachorro, passear de carrinho com a Glória e me exercitar, dar o peito de novo, dar homeopatia para a Glorinha, decidir almoço, ir ao supermercado, mais fralda suja, dar o peito, colocar para dormir, dar o peito, dar lanche da tarde, dar o peito, sair um pouco de casa, voltar, dar banho, dar jantar, homeopatia, assistir algum desenho, ler um livro, colocar para dormir e eu não dormir!
Tem sido assim há 1 ano e 7 meses... Não me sinto vazia, mas sinto que preciso de algo meu. Preciso criar, escrever.
Não tem sido fácil mas também poderia ter sido pior ( e eu lembro muito bem de momentos na minha vida que eu achei que nunca mais me levantaria e a única pessoa que estava lá presente pra mim foi meu marido e eu não quero decepcioná-lo nunca). Lá de longe, meu marido também estava sempre presente e sofrendo por não poder abandonar tudo. Acho que crescemos mais ainda, tivemos perdas (eu de sono e ele de momentos que não voltam mais como as primeiras palavras da nossa filha).
Foram semanas enfrentando uma prova pesada, mas eu consegui. Enquanto Lorenzo mamava, Glorinha brincava e fazia carinho no irmão. Enquanto eu trocava a Glorinha no banheiro, Lorenzo ficava dentro do balde de ofurô e depois eu trocava ele e ela ficava lendo um livrinho. Quando eu estava com ele no colo e ela pedia colo, eu a pegava no colo também e a enchia de beijos. Se ele chorava e eu tinha que preparar a mamadeira da Glorinha, pegava o mei tai, o colocava lá e a Glorinha ficava sentadinha, esperando na cadeirinha pelo leite quentinho e o pãozinho na chapa. Tudo deu certo! Quer dizer, o meu tempo que já era escasso, ficou pior ainda (compensava nas caminhadas rapidinhas com o Dudu, o cachorro. Ai eu tinha esses 10 minutos para mim, mesmo que acompanhada!). E ainda inventei de voltar a escrever ( tempo para mim, acredite se quiser!).
Estou conseguindo!
Você também consegue!
Nós conseguiremos!








6 comentários:

  1. Ai que lindo! Me emocionei muito Ká! Uma guerreira e inspiração. Obrigada por colocar pra fora todos esses sentimentos bonitos e nos dar a honra de partilhá-los com você. =)
    Nós conseguiremos, todos e todas, com toda a certeza.

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    1. Obrigada por sempre estar por perto me acompanhando! Vc tb é uma guerreira! Bj

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  2. Que bonito minha amiga, nós podemos tudo. ♡

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  3. Que bonito minha amiga, nós podemos tudo. ♡

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  4. Que lindo Ka, emocionada aqui!! Inspiração para uma futura mamãe de 2 também... Parabéns!! <3

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