quarta-feira, 8 de julho de 2015

O retorno às práticas meditativas com dois filhos, dois cachorros e uma mente inquieta!

Primeira noite
Exatamente as 21 horas, comecei a me preparar. Foi difícil tomar a decisão de voltar a meditação. Relapsa, deixei para trás uma das coisas que eu mais tinha saudades e que me fazia tão bem. O engraçado é que algo aqui dentro de mim continuava a me sugerir que deixasse isso para amanhã. E me toquei de como mentimos para nós, como esperamos que algum evento externo ou alguém nos mude. Era aquela vozinha que me dizia coma mais um docinho, o milagre vai vir do céu, não se mexa que o corpo volta ao normal, não respire, não pense antes de falar e por ai vai…Mas consegui combater essa vozinha e fui para a cozinha, peguei os fósforos (fiz mais um maldito lanchinho com a desculpa da fome da amamentação, mas pera lá: hoje eu me exercitei muito. Coloquei a Glorinha no carrinho e fui andar. Parei o carro no clube e ao invés de ir aos lugares que precisava de carro e fui a pé. Ponto para minha saúde e auto estima!).
Então, voltei pra sala, peguei a vela. Ai eu senti que meu peito esquerdo estava simplesmente ensopado, ensopando assim todo o pijama, o casaco que eu estava usando, causando o terceiro estrago do dia (a vozinha boa disse: não esquecer de oferecer o peito esquerdo ao Lorenzo). Enfim, voltamos. Troquei de pijama, fui para a sala. 
E na quase total escuridão (iluminada pelo celular), acendi a vela e pensei é agora ou nunca que retorno, que faço algo por mim e sozinha. Os pensamentos eram muitos, mas o pior deles era que, de tão cansada, eu caísse de cabeça na chama da vela. Eu parava, respirava, retornava. Ai eu me lembrava de não esquecer de justamente inserir esse pensamento de cair de cara na vela.
Meu Deus, como e difícil calar tudo. Como é difícil falar com Deus e calar a voz, os nós dos sapatos…Triste, porém nada resignada, decidi entrar dentro daquela chama a minha frente até que ela fizesse parte de mim. Olhei, olhei e ai fechei os olhos e a vi na minha frente, dançando. E iluminando tudo e me senti quente (calma, um quente decente!) e respeitei esse momento e fiquei em paz.
Até que outros pensamentos vieram, minha paciência já estava indo embora (que novidade). Abri os olhos, falei menos, calma e pensei já no dia seguinte e como esse seria meu presente, minha gratidão e seria assim que eu me ofereceria uma recompensa ao final de um dia extenuante. Recompensa esta que não engorda, não faz mal a mim e aos outros. Ao contrário, só me ajudará a trilhar esse caminho com mais forca, emergia e perseverança. Amanhã veremos o que a meditação nos reserva.


Segunda noite
Tivemos visita hoje. Que delicia quebrar rotina. O lindo Arthur veio nos visitar. Brincou com a Glorinha e até jantou com ela. E eu já achando desculpa pra não meditar, pra não ir fundo nessa experiência. Mas não. Eu vou. Coloquei as crianças para dormir, fui finalmente comer algo e peguei a velinha. Acendi e comecei. Hoje me pareceu mais difícil porque tenha saído da minha rotina diária. Mil coisas passavam pela cabeça, fechava os olhos e recomeçava, mas a concentração se perdia. Não via a hora que terminasse. Estava cansada, ansiosa…mas fui em frente. 
Meditar deve ser uma prioridade assim como me alimentar, me exercitar.... Ainda só quero descobrir se estou seguindo o caminho certo. Decidi compartilhar essa experiência com minha mestra, Maria Avelar, assim ela poderia elucidar os pontos fracos e fortes. Mas fui até o fim. Me permiti cinco minutos tentando limpar minha mente. Embora sem muito sucesso, fui até o fim. Grata a mim.
Conversando com minha mestra, Maria Avelar Guimarães, proprietária da Sarvarnanda Casa deYoga onde minha ideia inicial era que ela desse, ao final desse artigo, dicas, etc. e tal e ela delicadamente disse que poderia me dar algumas dicas já que não existe certo ou errado, porque “cada experiência é única, independentemente de ser prazerosa ou não...”
Todavia, ao ler um pouco do relato, me recomendou que o legal é ter como foco da meditação a respiração e quando a mente estiver muito agitada, devemos mentalizar os pensamentos saindo junto com a expiração e só reconhecer: “HOJE MINHA MENTE ESTÁ AGITADA.” A gente tem que perceber “que a nossa mente está agitada o que é muito diferente do eu estou agitada.”
Maria Avelar, ressaltou que é legal estabelecer quanto tempo vamos meditar e nunca fica até cansar porque a vontade do quero mais, deve sempre prevalecer, assim como aquele relaxamento ao final das aulas de yoga. Importante frisar isso porque só assim criaremos o hábito e não se tornará mais uma atividade, entre tantas que fazemos, que não vemos a hora de terminar, dar como feito, cumprida e ufa!
Alias, podemos usar o timer do celular ou algum aplicativo para dar os toques. Há um chamado Insight timer, que tem várias meditações guiadas com pessoas famosas no mundo todo: é bem legal e é de graça. Comece com 5 minutos, mas comece.
Depois de vários dias ou semanas passe pra 8 min. Vá aos poucos, senão não dura muito! 

Terceiro noite
Está um frio gostoso. Já estava na cama, quentinha.... Mas minha meditação é ouro. Comecei, mas três minutos depois Glorinha acordou chamando mamãe. Fui lá, rezei para que ela se acalmasse logo. Deu certo! Voltei. A sala estava fria. Mas fui confiante. Estava difícil, tem sido difícil parar os pensamentos. Eu me sinto culpada e mal por não conseguir. Mas aos poucos fui relaxando. Quando finalmente já me senti integrada e satisfeita, olhei o cronômetro e vi que fiquei 10 minutos e nem percebi. Fiquei feliz!

Quarta noite
Foram dez minutos. Ainda tentado entender o processo, mas plena da felicidade de já sentir na minha vida os resultados em relação a ação e reação. Feliz porque também comecei a praticar alguns asanas após a meditação, feliz porque estou sentindo alguma efetividade na vida diária em relação ao meu ego. Se isso e efeito da meditação ou de tanto sono atrasado, ou seja, de tão cansada eu nem reajo mais, eu não sei. Mas vou persistir na minha meditação, nos asanas e na observação e quem sabe, um dia, na assimilação dos ensinamentos de Buda, de Deus, dos anjos.


Quinta noite
Hoje foi uma dia difícil. Cortaram a luz de casa por problemas no banco. Eu nem preciso contar como e desesperador imaginar ficar sem luz com duas crianças. Tive que fazer uma mala gigante e ir para a casa da minha vó. Sequer me lembrei da meditação a noite. Me lembrei, mas fiquei presa a vela que esqueci de colocar na mala. Usamos a vela só para podermos fazer a mala e sair de casa: eu, as crianças e a Ju, minha Sancho Pança (só que bem magrinha e linda). Aliás, tenho duas Sancho Panças na minha vida: ela e a Lili... (isso fica pra outro post).
A vela na escuridão que eu estava seria ótima, ne?! Mas sem poder me locomover pela casa, não tive outra alternativa. A única coisa que passou pela minha cabeça e que deveria, nem que fosse por um minuto, ter parado, respirado e isso sim seria uma bela meditação já que esta deve ocorrer nos momentos que estamos a ponto de explodir. Erroneamente, muitos centros de yoga, aproveitadores diga-se de passagem, ensinam que existem lugares e técnicas especiais, mas não: qualquer momento, qualquer lugar é o momento. Acredite!
Chorei muito, fiquei brava, nervosa. Se por alguns milésimos eu tivesse simplesmente parado, acredito que metade das coisas que eu falei, não teria falado. E a vela acaba sendo um acessório dispensável. Hoje eu não meditei. Eu só queria que esse dia não tivesse existido, mas também, analisando a fundo, algumas boas horas depois, eu pensei como foi maravilhoso ficar lá com ela, perceber a felicidade dela em ter a gente lá, em ver as crianças com os pijaminhas, terem tomado banho lá. Ela deixou tudo caprichado. Fez a nossa caminha. Eu saí da rotina (enquanto escrevo, choro!) e lembrei dos anos e anos que morei lá (minha vó quem me criou. Desde pequena dormia na casa dela, só saí da casa dela aos 20 anos quando fui morar com meu marido, na época namorado).
Então, valeu a pena.

OUTRAS NOITES
Ser mãe tem demandado muito. Crianças que ficaram doente, casa que ficou sem energia, ir ao supermercado, minha depressão pós parto, problemas sérios de saúde.... Um turbilhão que compartilho aqui na tentativa de que todas saibam que onde quer que você esteja, estou aqui, de mãos dadas com você. Se bem que tem pessoas nesse tempo que eu larguei as mãos e um peso saiu das minhas costas. E onde eu fico?!
Eu, eu, a Karina, mulher?
Pois é, aí é que entra a meditação. Hiper importante não usar de nenhum artifício e respirar, prestar atenção no ar que sai e no ar que entra, respiração é tudo. Uso a técnica que aprendi com minha mestra, a Mindfulness. Há um artigo bem interessante AQUI.
Retornei as aulas de yoga que não vou parar de jeito nenhum. Também pratico aqui em casa, tanto a meditação como a yoga. E voltei a terapia que será assunto para outro post (todas as minhas tentativas de fuga.... A gente foge tanto, tanto da gente que uma hora, a gente se encontra e nem sabe mais quem é!). Para quem não sabe, há locais que oferecem sim yoga gratuitamente assim como a meditação e a terapia.
Basta procurar a USE que fica na UFSCar.
FACEBOOK DA SARVARNANDA CASA DE YOGA AQUI.
E fica aqui o meu NAMASTÊ!

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