segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Uma história de tanto amor: sobre o parto, os sonhos, a amamentação e a persistência!

Essa é a história da Julia, do Rodrigo o marido dela e da Gabi. É uma história de amor, de superação. Lembro tanto dela e do marido dela em um curso que fizemos de preparação para o parto. Tanto eu quanto ela queríamos muito o tão sonhado parto humanizado, mas tanto eu quanto ela não .... ia escrever não conseguimos, mas hoje vejo tudo sob uma ótica diferente e me sinto muito poderosa por ter tentado tudo. Sim, conseguimos passar por dois processos, sabemos a dor deliciosa de quase parir e, felizes, mas nunca resignadas, tivemos nossas crianças. Soubemos esperar a hora deles e isso é que importa: a via de parto realmente é o de menos.
Tempos depois nos encontramos no clube e batemos um rápido papo sobre nossas cesáreas. Ela estava viva, eu estava viva e nossas bebês também. Passamos por uma cirurgia necessária! 
Julia guerreira, que também alimentou sua filha não do modo que achamos que tenha que ser. Vale o olhar de compaixão a uma mãe que está ora usando a mamadeira, ora sonda, ora o peito. Reafirmo: não somos menos mães, SOMOS TODAS MÃES.
Esse é o meu presente a vocês que me acompanham aqui: para que continuemos sendo mães..e melhor, mães que amam outras mães!
Fica aqui essa história de tanto amor!
Obrigada, Julia!

Relato de Amamentação da Julia

Não foi nada como eu sonhava. Sonhei com um parto natural maravilhoso. Tive horas de contrações fortes, intensas, maravilhosas! Melhores horas da minha vida! Guardada pra sempre na minha memória e no meu coração! Horas de força, de coragem, de luz, de introspecção, de covardia, de dor, de voz. Horas de um novo casamento, de um companheirismo infinito do amor da minha vida! Horas em que achei que tudo fosse acontecer como eu sonhava! Mas um tempo muito grande depois da dilatação nos mostrou que Gabi não nasceria daquele tão sonhado jeito... nasceu lindamente por cirurgia cesariana, já com os olhinhos curiosos a perceber todo movimento ao seu redor! E sim! Mamou na primeira hora de vida! Mas mesmo nascendo de cesárea? Sim! Mesmo nascendo de cesárea! E já pegou o peito mostrando que sabia o que fazia! Pegada linda! Eu toda cansada, sem conseguir prestar muita atenção, deitada e ela lá, mandando ver! Segurada pelo pai mamando!

Depois disso tudo começou a ficar estranho... eu queria mesmo era dormir!!! Mas não me deixavam... percebi meu pai dentro da sala de recuperação, pedindo que eu abrisse os olhos e eu, lógico, ficava P da vida! Me lembro de um flash do obstetra pedindo permissão para uma nova cirurgia... lembro um pouco do caminhho até o centro cirurgico, depois só lembro de acordar deitada com meu pai ao lado sentado na escadinha com as mãos em minha mão esquerda, parecia rezar. Algumas acordadas e dormidas, e eu falava pra que ele fosse descansar, que não precisava ficar desajeitado como estava!
Ao acordar pra valer tentei falar com ele, mas não saia minha voz e não entendia muito bem o que tinha acontecido... minha primeira reação foi perguntar se ele tinha avisado minha comadre que Gabi tinha nascido! Depois perguntei por quê não conseguia falar.. E ele me explicou tudo: que eu estava em uma UTI, que tive uma hemorragia muito grande depois da cesárea e precisei fazer uma histerectomia (retirada do útero) e receber bolsas de sangue. Gabi estava bem, sendo cuidada pela vovó! (eterno agradecimento!)
"Meu Deus", pensei.
Bom... lutei pra viver e agora estou cá! Minha primeira questão foi como eu poderia estimular minha mama para que meu corpo percebesse que precisava produzir leite! Mas me disseram que não precisava, pois quando saísse dali Gabi faria esse estímulo!
Foram três loooongos dias.... talvez os mais longos da minha vida... não tinha minha filha nos braços, não podia se quer vê-la, não podia levantar, me davam banho no leito...difícil pra mim depender tanto assim das pessoas... mas que pessoas maravilhosas! Há anjos que passam pelos nossos caminhos! Pelo menos tive a companhia do maridão e do paizão (agora chamado de vô!) e visitas da família!
Ao receber a notícia que eu iria para o quarto encontrar minha filhota, que alegria!!! Me lembro bem! De cadeira de rodas, bexigas pelo quarto, e minha filhota linda! Enroladinha em uma mantinha! Ahhhh! Como é bom estar aqui! Vivendo, com esse sentimento de amor forte! Logo após o banho, pra tirar toda coisa ruim da UTI, peguei-a nos braços e já a coloquei no peito!
Só tinha colostro... uma gotiiiiiiinha de colostro... e Gabi, durante os três dias de UTI mamou fórmula artificial, por decisão do meu super pai! Então após peito, vinha o copinho ou a mamadeira com o complemento. Já no outro dia, minha querida mãe lembrou da técnica da relactação (o que eu chamo de sondinha),  as meninas da enfermagem nos ensinaram e já deu certo de cara! Precisava de bastante ajuda, mas tava rolando! Então Gabi ficava por 5 a 10 minutos em um peito, 5 a 10 minutos em outro pra aí sim darmos o complemento com a sondinha.
Saímos do hospital e eu e ela já estávamos craques em pregar e sugar a sondinha! Segurava o vasilhame com o leite com uma mão, gabi com a outra e tudo dava certo!
Daí comecei a ver que não descia o leite... lia sobre, conversava com pessoas que tiveram uma apojadura tardia, entrava em grupos de amamentação, estimulava, estimulava, estimulava... não via mais nada na minha frente... só pensava em como fazer pra produzir leite.. chorava, chorava, chorava... como assim ainda não tinha leite?????? Já bastava viver o luto de não ter o parto sonhado e o luto de não poder nem mais tentar, de não poder ter mais filhos... ainda por cima não teria leite????
Mas a esperança é a última que morre... preocupada com o peso da Gabi, fomos à pediatra e o peso dela estava ótimo! E assim continuamos: estímulo, peito, estímulo, leitura, estímulo, sonda, estimulo, homeopatia, estimulo, remédio, estimulo, chá da mamãe, estimulo, canjica, estimulo, alface e mais estimulo... Tudo que alguém falava que era bom pra leite a gente comia!
Mas nada de leite...
Uns 20 dias depois decidimos então, eu e o maridão, que continuaríamos assim, dando o leite artificial já que meu corpo não produzia, mas sempre na sondinha. Hoje confesso que foi um pouco de egoísmo da minha parte, porque eu queria que aquele momento fosse nosso, eu, Gabi e Rodrigo.
E assim minha necessidade foi preenchida! Sempre que Gabi quisesse eu estava lá, com ela nos braços, olhando pra ela, ela me olhando, segurando minha mão (porque se não ela puxava a sondinha! Kkk!)
E foi desse jeito até o meu retorno ao trabalho! Foram 5 meses de sondinha exclusiva! Sim! EXCLUSIVA! Íamos ao shopping, ao bar, ao restaurante, à casa dos avós e lá estava ele! O kit sondinha!!! Leite artificial, sondinha e potinho! Às vezes eu me sentia um ET! Mas estava orgulhosa e colocava a Gabi no peito com sondinha sim!
A mamadeira veio pra ficar na escola, que era o momento que ela não estava comigo. Ao chegar em casa era sondinha pra dormir! E aos 6 meses e um dia nós duas conseguimos um bom jeito de ficar pertinho com a mamadeira e aí nunca mais precisamos da sondinha.. Gratidão por existir a sondinha! Gratidão por me ensinarem essa técnica! Gratidão por toda ajuda no dia a dia! Gratidão eterna ao maridão Rodrigo, à minha mãe Marcia, ao meu pai Nelio e a todos aqueles que de alguma forma me deram força pra que conseguíssemos!









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