domingo, 28 de junho de 2015

Depressão pós parto...quando aparece!

Eu lembro de como era a nossa vida antes de termos filhos.... Aí você estava me olhando, mesmo com a câmera fotográfica, captando momentos, momentos justamente que nunca mais voltariam. Será que algum casamento volta a ser como era antes? Ouço, enquanto escrevo, uma das nossas músicas favoritas. Lembro que mesmo distante, você na Alemanha, e eu aqui no Brasil eram recados, presentes, eram palavras de amor dia e noite, noite e dia. Cada vez que o levava a rodoviária eu escrevia uma carta para você ler durante a viagem e depois no avião. Passamos por poucas e boas, até separar nos separamos, mas você ficou firme e forte e foi uma, se não a única pessoa que cuidou de mim. O restante sumiu: amigos, parentes.... A única visita que eu recebia, a única pessoa que levava as minhas balas favoritas.... Então, fomos lutando juntos, fomos retornando, tentando solidificar o que já existia, foi a luta para engravidar (muita yoga, homeopatia, reiki, constelação sistêmica, persistência, exercícios físicos para desintoxicar meu organismo de todos aqueles remédios que nos fazem acreditar serem vitais e altamente necessários…) e aí veio a notícia. Você estava na Indonésia. Lembro que tive enjoos, mas já achava impossível engravidar, oras.  Escrevi no facebook e nunca vou esquecer que uma amiga, a Gra, escreveu: "amiga, você está grávida!"
E eu ri...Porque eu já tinha muitas, muitas dores nos seios, mas achava que eram os sintomas comuns que eu tinha sempre antes de menstruar. Mas não era: era a Glória.
Era meu anjo crescendo dentro de mim e como fui feliz nessa gravidez, em quase 30 e poucos anos de existência nunca fui tão, mais tão mais amada, nunca me senti tanto em estado de graça, em paz.... Era como se eu flutuasse no céu e tivesse encontros com Deus todos os momentos.
Era como comer o melhor chocolate, ter orgasmos sem parar, como rir com as amigas sem motivo, era como estar no meio de monges do Nepal, era como comungar, como comer quando se está com muita fome ou tomar água quando se está sedento. Era como ter Deus me dando as mãos o tempo todo.
Ela veio, ela veio. Foi uma luta para trazê-la. Mas ela veio. Ela está aqui.

Lorenzo veio logo depois. Engravidei dele quando a Gloria estava com apenas 6 meses. Foi um susto. Foi uma gravidez difícil, cuidando dela, cuidando de uma casa enorme, lavando, passando, cozinhando, tendo sido abandonada pela ajudante, com o marido fora do País.... E ela tendo febre, reação da vacina.... Eu já não era rainha faz tempo. E eu não tinha o reconhecimento que eu esperava ter. Nunca mais tive. Minha obrigação. O melhor pai do mundo, sem igual: lava, passa, cozinha, os filhos são loucos por ele...mas talvez seja eu, os hormônios.... E eu só queria uma florzinha….
Eu já não sou faz tempo.
Filhos choram, demandam atenção, tempo... Tem quem me ache dondoca porque tenho ajudante, porque tenho babá, mas que essas pessoas se danem. Porque essas mulheres que me ajudam, dizem que nunca viram uma mãe como eu, que enquanto elas seguram o Lorenzo no colo e a Glorinha brinca, eu estou aqui passando o aspirador e o pano no chão ou fazendo almoço. E a baba disse que também nunca viu uma mãe que contrata babá para ficar junto 24 horas. Essa sou eu.
Tudo mudou. A gente ouve cada coisa e, pior, ouve de pessoas que preferem acreditar em outras que sequer conhecem há tempos. Pior ainda: mal sabem elas o que essas mesmas pessoas dizem dela e se acham no direito de fazer maldade, mas oras, o importante é a gente saber quem somos, onde vamos e o que queremos...
Então, essa sou eu, meio down, meio alegre, me cuidando.... Indo atrás . Tendo depressão pós parto... e a coragem de te dizer que vamos dar conta. Que eu é que tenho que ser a minha rainha, não deixando de acreditar que há mulheres e mulheres....
Esse é meu desabafo e não tenho medo da exposição porque foi assim, conversando com mulheres que eu sequer conhecia, em lugares diferentes, em Países diferentes, que eu encontrava algum tipo de força. Porque eu me abro ao Mundo para receber o que ele tem a me dizer. Ou Deus! sei lá... e talvez essa "abertura" possa te dizer que estamos aqui, juntas...e vamos conseguir! E desabafo aqui, como se eu fosse a pessoa que você, assim como eu, estivesse sentado ao lado em algum lugar público, começasse a puxar conversa e ouvisse tudo o que eu já ouvi e te animasse a seguir, sempre em frente, a ir atrás da sua vida, parar de se anular, perder tempo com pessoas que tem inveja, ódio do que você tem e elas não (mal sabem elas que o material não quer dizer nada, mas daí vem outros que dirão “você escreve isso porque não tem preocupações financeiras.... Ah, minha filha, nunca vamos agradar ninguém).
Vá fazer sua vida, cuidar dos seus filhos, mas sem esquecer que eles crescem e irão (se Deus quiser porque ter filhos com 30 e poucos anos em casa esperando mesada e roupinha limpa, me parece extremamente depressivo e triste!).

Vá estudar, vá batalhar, vá criar. O tempo passa, voa... e vou. Eu quero ir. Vamos juntas?!

Um comentário:

  1. Karina é bem isso mesmo! E fico a pensar que a vida é assim. Sofro porque quero sentir o velho que não existe mais! Ninguém se banha no mesmo rio duas vezes. Já ouviu isso! São os ciclos da vida, e como tudo passa. Sim é difícil 😍 abraço!

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