domingo, 30 de agosto de 2015

Tudo o que a gente precisa saber....

Pais que colocam seus filhos para curso disso, curso daquilo, que competem para ver quem faz mais cursos, fala mais rápido, quantos idiomas já fala, quais as habilidades artísticas.... sinto muito!
O que quero que minha filha aprenda é a brincar, ser bondosa e não crescer ( no sentido de não perder essa coisa maravilhosa que é ser criança).
Nada de cursos, nada de criar para ser a melhor, nada de criar para que seus dons sejam apreciados e contados nas rodinhas de pais.Menos projeção!
Que ela se suje, brinque explore o mundo.
Simples assim!

sábado, 29 de agosto de 2015

SOBRE CAKE: dica de filme!

Fui a locadora e vi o filme balado com a ex friends, o tal do Cake- Uma razão para viver. Olhei, olhei, vi as premiações, vi a cara dela sem aquela típica cara de boba, sem maquiagem e sem estar produzida, a tal da queridinha da América (será ainda?!), Jennifer Aniston e decidi arriscar, ou melhor, locar.
Será que ela continuaria fazendo aquela cara de sou loira e burra como faz em quase todos os filmes e como fez durante mil ano no seriado Friends? Ou seria mais uma jogada de marketing onde deixam a atriz feia, sem maquiagem para ganhar vários prêmios?

Enfim, nem sabia exatamente qual era o enredo do filme. O que eu queria mesmo era analisar a Aniston e torcer pra que ela realmente tivesse dado conta e voilá, botado para fora toda a carga artística dela (enquanto escrevo, Lorenzo está na cadeirinha e eu vou dando tudo o que tem em cima da mesa. Daqui a pouco, eu não o vejo mais. Glorinha, espero eu, está brincando sozinha e quieta...se algo der errado, a culpa foi minha....).
Ao longo do filme, vamos entendendo as perdas, as dores, toda a carga emocional. Aquela Aniston cheia de caras e bocas, está, pela primeira vez, comedida e sarcástica e doída. Rancorosa, viciada em remédios para dores. Está lá passando pelo seu luto de mãe.
Um dos momentos mais emblemáticos do filme!
Um elenco legal, mas quem se sobressai é ela. Chegou aquele momento que o filme, na verdade, é dela, mesmo o roteiro tratando de algo que não tenha haver com a vida dela.
Confesso que, ao término do filme, não acreditava AINDA que ela não tinha feito NENHUMA daquelas caras. E que deu conta, muito bem, diga-se de passagem, do recado. Uma mãe, com dores, com alegrias e, o melhor, que levantou do local que ficava, sem ver nada, respirou fundo, tomou força e saiu da posição que ficava no carro, pronta para encarar, acredito eu, o mundo!
Definitivamente, me parece que só nos curamos de um sofrimento depois de tê-lo suportado até o fim. 



sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Pequenos desejos, grandes chororôs. O que fazer?!

Então, uma amiga postou em sua timeline um relato tão, mais tão frequente nessa nossa vida de mãe. Fiquei tão interessada no assunto, e filosofei com meus botões. Pensei nas minhas birras, nas minhas vontades. Pensei em como é difícil não dar um berro e dizer: “olha aqui, serzinho, você fará o que eu quero, na hora que eu quero e como eu quero.” Mas isso me pareceu tão injusto e tão repressor, tão sem entendimento com um ser humano que ainda está em construção e que depende de mim para ser uma mulher que sabe o que quer, mas que sabe pedir o que quer.... Então, fica aqui o relato e a visão da psicóloga Fernanda Oliveira que, além de responder dúvidas de leitores do Born to be Mother, também escreverá artigos. Para enviar suas perguntas, dúvidas, basta encaminhar um e-mail para borntobemother@gmail.com
Teremos o maior prazer em responder!
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Pequenos desejos, grandes chororôs
Exemplo: ela quer suco. Dou o suco, mas vem birra e choradeira porque queria na outra mamadeira. É super fácil eu trocar, mas que mensagem estou dando pra ela: de compreensão, pois com 2 anos ela está descobrindo as preferências e um pouco da individualidade dela, (de certa forma a sua própria visãozinha das coisas), ou que estou à disposição pra essas birras (ou seja, um controle sobre a mãe), e incentivando esse comportamento? Isso acontece com outras situações, e tenho essa dúvida como uma coisa maior de compreensão do que ela sente nessa fase.... Uma psicóloga disse pra minha mãe que é importante não ceder pois esse comportamento se estende depois, mas eu tendo a achar que é da idade e tudo bem fazer um meio termo (ceder ás vezes mesmo...). O que vocês pensam (dentro do universo da criação com apego...)?

RESPOSTA: Olá, tudo bem?
Pensando no caso específico utilizado como exemplo, vamos lá analisá-lo. Sim, você pode colocar o suco no copo/mamadeira que ela prefere, a questão é qual a sua reação e comportamento diante da birra para conseguir isso. No caso, você poderia se abaixar, olhar nos olhos dela e perguntar porque ela está chorando e dizê-la que tudo bem que ela quer no copo tal, que ela não precisa chorar, é só pedir que você troca. Porque a questão é, diante da birra ensinar para a criança que ela não precisa dela pra conseguir o que quer, e claro, eles vão nos testar algumas vezes. Se a situação for de escolhas possíveis (copo, roupa, brinquedo, etc.) tudo bem que eles escolham, é legal dar esta autonomia para eles, estarão desenvolvendo a capacidade de fazer as suas escolhas. Mas se a situação é de segurança e definição de caráter, somos nós responsáveis que devemos decidir e escolher pra eles, com birra ou sem birra, mais uma vez a reação nossa é que determinará se ele considera e utiliza a birra ou não. Por exemplo, uso da cadeirinha no carro, não tem conversa, em caso de birra, você vai dizer que ele não pode escolher e que é pra segurança dele, que porque você o ama muito que você cuida da segurança dele. Apesar da pouca idade, a capacidade de compreensão deles é incrível e inimaginável e respeitar e apontar para eles algumas questões é salutar. Podemos e é bacana também pensar e nos colocarmos no lugar dele, que também diante de algumas frustrações na vida também gostaríamos de espernear e gritar, às vezes até fazemos, e quando nos deparamos com o olhar acolhedor do outro e que somos entendidos e respeitados nos sentimos melhor e mais confiantes. Estamos neste eterno contato com nossa criança interior que também às vezes gostaríamos de sentar e chorar, mas que a gente sabe que tudo vai ficar bem e que tudo vai passar.

SOBRE FERNANDA:
Fernanda é psicóloga clínica na abordagem da Psicanálise Lacaniana (CRP: 06/117419), formada pela Unicastelo. Mineira, do Vale do Jequitinhonha, reside em São Carlos há 20 anos, de uma família grande de 7 irmãos. Pisciana, 34 anos mãe de uma pequena de 3 anos e meio que procura criar para ser feliz. Adepta da criação com apego, a favor do parto natural e da amamentação em livre demanda. À favor de ser mãe, na possibilidade de ser a melhor que consigamos ser. Como ela próprio diz: “sem neura e sem crise (risos!) porque o negócio doido é a dosagem, uai!”
Decidiu estudar psicologia para se entender e entender o mundo e porque acredita no poder de sermos protagonistas de nossas vidas.
Atende crianças, adultos, individual, grupo, familiar e de casal na Rua Paulino Botelho de Abreu Sampaio, 1040 (Rua da Santa Casa, 3 quarteirões para baixo, sentido USP) na Clínica 
Rossiti.  Telefones de contato: (16) 99188-3487/ 98819-7068 
email: psico.fernandaoliveira@gmail.com



quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Sobre uma casa não tão perfeita assim (ainda bem!)

Organização da casa com crianças é algo que realmente deve ser levado em consideração. Atualmente, eu tenho ajuda, mas durante a gravidez do Lorenzo, estávamos eu, Glorinha, o Lorenzo na barriga, marido quase sempre fora do País e uma casa consideravelmente grande para eu dar conta além de ter que cozinhar, passar roupa e Glorinha não estava na escolinha (só entrou com 1 ano e 9 meses).

Fiquei sem querer ajuda por um bom tempo. Na verdade, só fui procurar ajuda quando faltava quase 1 mês para eu ter o Lorenzo (quer dizer, como optei por esperar o tempo dele, tínhamos a previsão, mas tanto poderia ser antes como depois....) porque eu realmente estava muito cansada (por mais que o marido ajudasse), a barriga gigante e muitas contrações de treinamento alem de um certo trauma devido as experiências passadas com outra pessoa, mas mantive um plano que deu certo e o faço até hoje, mesmo tendo ajuda.
Divido a casa em etapas. De segunda, quarta e sexta, coloco para limparmos a parte debaixo da casa (limparmos no plural, porque eu e a Eli acabamos sendo uma equipe. Longe de mim, ficar como uma mosca morta e não fazer o que tenho que fazer também!) o que inclui o meu quarto, o quarto das crianças, o meu banheiro, o lavabo e a sala. Passamos aspirador, o pano úmido. O piso da casa favorece e é fácil de limpar. Já as terças e quintas limpa-se o escritório do Dirk e o banheiro e o quarto de visita e o banheiro mais o mezanino.
Cozinha, não teria como, são todos os dias. 
A limpeza começa lá pelas 7h30 da manhã. 
Para dar conta, Glorinha, que só vai a escolinha a tarde, assiste um pouco da Heidi (mas ela logo cansa e vai brincar, desenhar, ajudar a gente com a vassourinha ou fica perto de mim no computador ou eu a levo para andar de carrinho pela vizinhança) e o Lorenzo geralmente tira uma soneca legal para desafogar um pouco aqui. Às 10 horas da manhã, aqui já se começa a fazer o almoço. Na noite anterior, eu já verifico o que será feito ( deixo a cozinha sempre limpa para o dia anterior. Detesto acordar pela manhã para tomar café da manhã e ver louça suja ) para o almoço. Tiro algo do congelador, anoto o que será feito e assim não se perde tempo.

Glorinha almoça entre 10h30, 10h40 todos os dias. Rotina é tudo. Lembrando que toma café da manhã às 7 da manhã, come um lanchinho lá pelas 8h30. Logo depois do almoço, ela vai descansar porque às 13h15 saímos de casa para irmos a escolinha. Descansa por 1 hora, às vezes se tenho muita sorte por 1h15.  Lorenzo também dorme um pouco nesse período. Enquanto eles dormem, eu preparo lancheira, coloco as malas dentro do carro (digo malas porque como moro um pouco longe do centro, tenho que levar a frasqueira que tem o lanche da Glorinha, a mochila que tem fraldas etc, a malinha do Lorenzo que também tem as coisas dele, uma mala para mim com roupa, etc). e vou arrumando o que falta. Roupa a gente passa nesse período também que eles estão dormindo ou quando a casa está "desafogada", Lorenzo fica sentadinho na cadeirinha dele que balança, com um brinquedo na mão, observando a Eli enquanto eu estou fazendo as coisas que tenho que fazer com a Glorinha junto.
Voltamos para casa. Já levo os dois ao banheiro (normalmente, Lorenzo já tomou banho depois do almoço, mas quando é muita gente pegando na mão dele - o que me dá ódiooooooo- eu dou outro banho). Lorenzo fica na cadeirinha, dou banho na Glorinha. Depois dou banho nele enquanto Glorinha  brinca com alguma coisa dentro do banheiro. Então, vamos ara a cozinha, dou o jantar para a Glorinha, a mamadeira para o Lorenzo ou o peito (tem dias que ele prefere um tem dias que ele prefere o outro, mas sempre ofereço o peito).
Arrumo tudo, deixo a cozinha limpa.
Ai já está na hora de colocar Lorenzo para dormir.
Finalmente, eu e Glorinha brincamos, lemos um livrinho, ou assistimos mais um pouco de Heidi ou Peppa e 19h30 em ponto, com raríssimas exceções, já vamos para a cama.
Dessa forma, fazendo essa variação de divisão de tarefas, seguindo a risca horários, a rotina funciona.
Devo confessar que com duas crianças, se a Glorinha ainda não fosse a escolinha, sem a ajuda da Ju (na verdade, estou sem a ajuda da Ju que é a babá há umas 2 semanas porque o filhinho dela ficou doente -mas graças a Deus está melhor- e ela agora é que está doente) e da Eli e do meu marido, teria que ver outro método, mas sinceramente, dou graças a Deus de estar dando conta. 
Com uma rotina pré estabelecida, nada sai do eixo. Tem gente que pode achar chato (eu sinceramente acho chato muitas vezes, mas penso que é reconfortante saber que a partir das 20hrs vou estar um pouco sozinha para escrever, ver um filme, assistir novela, meditar, arrumar os brinquedos, terminar de arrumar a cozinha e por aí vai.....) e aí lá pelas 22hrs os barulhos recomeçam. Lorenzo querendo peito, Glorinha acordando chamando por mamãe, eu indo de quarto a quarto.... toda noite, exatamente igual....
Não nos esquecemos dos outros dois membros da família: Dudu e preta, nossos vira-latas que também demandam atenção,banho, ração e passeio. Quando as crianças dormem, ainda vou andar com eles a noite pelo menos pela frente da casa porque não tenho como sair por 10 minutos.
Ufa!
Há um site bem legal que basicamente dá várias dicas de organização. Eu o descobri justamente pesquisando para uma amiga que postou em um grupo pedindo orientações para organização. Esse post foi escrito para ela. Não sei se ajudará, mas foi feito com todo carinho. O meu método não é o melhor. Ninguém tem o melhor método porque cada família é diferente, mas me ajuda bastante. O site idem (ela usa um método chamado de Fly Lady).
Outro que também tem super dicas é o Organize sem Frescuras.
E assim a gente vai vivendo... entre tosses, arrumando casa, doencinhas, alegrias, lágrimas, saudades de quando eram recém-nascidos ,ansiando por uma noite bem dormida... assim, a gente segue: firme e forte porque, com certeza, eles se lembrarão de tudo isso.
São essas memórias que ficam, um pouco da loucura de uma casa interna em eterna construção.... e de uma casa que quase sempre não está do jeito que gostaríamos, mas há de ser ter vida em uma casa ou moraríamos em uma revista....

P.S: mais do que tudo isso, compartilho a ideia de que desde pequenos, crianças devem perceber que são responsáveis por seus objetos. Glorinha joga a fralda suja dela no lixinho, guarda os brinquedos e por aí vai.... Não é porque temos alguém que nos ajude que vou educar meus filhos para serem uns inúteis que acham que ora a mamãe ora a ajudante vai ficar servindo-os para o resto da vida. Juro que sentirei muita vergonha de ter um filho com quase 30 anos que ainda depende de mim para passar sua roupinha, fazer sua comidinha.... Longe de mim! MAIS UMA VEZ: esse é o meu ponto de vista. Não sou Gandhi para ser seguida, nem Madre Teresa de Calcutá... que descansem em paz!


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A luta pela amamentação!

Essa é a história da Dani Morgado, mais uma dessas amigas maravilhosas que o acaso nos traz, graças a Deus. Dani mostra a importância da preparação em relação a amamentação. Acredito que não só em relação a amamentação, mas as mulheres devem ler muito a respeito de parto, dos mitos que muitos médicos colocam ao parto normal, dos procedimentos desnecessários realizados no bebê quando nascem (leia mais AQUI).
Mais do que isso, Dani, traz uma história de EMPODERAMENTO. O corpo dela, as regras dela, ir atrás do que se quer, lutar por isso dentro do limite de cada um. 
Parabéns, Dani e obrigada por compartilhar essa linda história.

Não me venha falar da malícia de toda mulher 
Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é
(Dom de Iludir- Caetano Veloso)

Relato de amamentação:
Sempre sonhei em ser mãe e consequentemente amamentar o meu bebê. Hoje penso que amamentar vai além de nutrir o seu filho. É muito mais que seios repletos de leite, de vitaminas e nutrientes. Amamentar é entrega, é doação, é amor incondicional. Quando estava grávida não me preparei. Acreditava que quando a Maelle nascesse, eu a colocaria confortavelmente em meus braços, aproximaria a boquinha dela do meu seio, que transbordaria leite e ela mamaria. Logo que ela nasceu, a enfermeira obstétrica a colocou no meu seio. Não tinha leite obviamente, mas ela ficou ali. Fui para o quarto e algum tempo depois ela chegou. Mais uma vez ela veio para o meu seio e assim foi na maternidade. A cada mamada a enfermeira vinha para me auxiliar com a pega. Com as mamadas iniciais, comecei a sentir dor nos seios. Falei com algumas pessoas e elas diziam: “normal sentir dor, vai passar. Só observe se a pega está correta e tudo ok”.

O meu leite desceu após alguns dias. Estava feliz com aquela sensação de seios cheios de leite, tudo daria certo. Eu tirava fotos e mais fotos amamentando. Sentia dor sim mas pensava vai passar. Após uma semana do seu nascimento fomos ao pediatra, que a pesou. Ela ganhou peso, excelente! Lembro-me de perguntar para a pediatra sobre a dor que sentia e ela falou “vai passar, ela ganhou peso, fique tranquila. Se quiser, compre essa pomada, vai te ajudar”! Lembro perfeitamente de passar na farmácia e comprar a pomada que vinha na menor embalagem possível com o maior preço existente. Tudo bem, se for para ajudar, vamos lá. Porém lembro-me das pessoas dizendo “seu peito precisa calejar, aguente essa dor”!.

Quando ela chorava de fome, eu chorava de dor. Foi então que eu quis consultar uma especialista em amamentação. Precisava saber se a pega estava certa, se tinha algo de errado. A dor não passava. Bicos rachados, até sangue a minha filha mamou. Ela me ouviu, me abraçou e falou “vamos amamentá-la?”. Eu disse sim, mas queria dizer não, pois sabia a dor que sentiria. Ela observou a pega e estava tudo ok. Ela verificou a sucção da Maelle e era perfeita. Ela foi vários dias em casa, passava horas conosco. O desafio dela não era somente de ajudar com a dor que sentia, mas também em fazer a Maelle pegar os dois seios. Ela tinha preferencia por um e rejeitava o outro. Para “ajudar”, tive mastite nessa época. Lembro perfeitamente de ir ao banco de leite com os meus seios enormes e rígidos. A atendente pegou a super máquina de extrair leite para esvaziar as mamas. Mais dor, mais lágrimas. Não aguentei a dor e ficamos tirando o leite na mão. Meu Deus, como eu iria seguir firme. Eu queria amamentar. A minha mãe conseguiu, as minhas avós também. O que eu tinha de errado? O meu marido dizia “tudo bem se você quiser desistir, compramos LA, você não precisa passar por isso!”. Foi então que eu decidi dar um tempo. Eu pensei “se eu parar alguns dias de amamentar, darei aos meus bicos a chance de cicatrizarem e então eu volto”!. Foi então que uma amiga emprestou uma bomba de extrair leite. Maelle tinha 30 dias nessa época. Eu passava o dia tirando leite. Ficava feliz, os seios produziam leite e estava nutrindo a minha filha. Quando chegava a hora dela mamar, já tinha leite separado. Alguém oferecia para ela na mamadeira enquanto eu extraía. Foram dias e mais dias assim. Nem sempre eu tinha alguém para me ajudar, algumas vezes eu dava o leite que tinha extraído, fazia arrotar e dormir, e então extraía o leite da próxima mamada. Não queria que o meu corpo deixasse de produzir leite. Com uns 45 dias, eu a coloquei no peito. Era começo da noite e resolvi tentar, ver se a sensibilidade havia diminuído. Ilusão mais uma vez. Dor e mais dor. Eu a amamentei chorando e quando acabei, eu a entreguei para o meu marido e fui chorar longe deles. Sentia que devia desistir e me render ao LA. Eu só pensava “você tentou, encare a realidade! Continue a extrair o leite até secar”. Um dia o meu leite secaria e então eu daria LA. Quando ela estava prestes a completar 2 meses, meu leite começou a diminuir. Entrei em desespero. Sabia que a sucção do bebê era o verdadeiro estímulo para a produção de leite. Foi então que resolvi mais uma vez consultar outra especialista. Lá fomos nós para o consultório dela. Expliquei tudo, chorei, desabafei. Ela me acolheu com tanto amor. Mais uma vez ouvi que não tinha nada de errado, pega correta, lábios de peixinho do bebê, tudo perfeito. O marido dela é dentista, analisou a língua da Maelle e constatou que não tinha nada de errado. Foi então que ela me disse “Dani essa dor que você sente é muito mais psicológica que real. Ela existe sim, porém se você enfrentá-la de verdade, vai passar!”. Nessa época o seio esquerdo já produzia menos leite que o direito e ela me disse para oferecer sempre o esquerdo que ela aprenderia a mamar nele. 

Voltei para casa determinada a conseguir. Entrei no meu quarto com a Maelle, tirei a minha blusa e deixei a Maelle sem nada também. Ali queria ser índia, pele com pele. Com todo o meu amor e força, eu a coloquei no peito. Segui então o conselho da consultora “imagine vocês dentro de uma bolha, sinta o amor que as une, inspire essa ligação mágica de mãe e filha, se concentre nisso e sua dor irá embora”. Se eu disser que nessa mamada deixei de sentir dor estarei mentindo. No entanto lembro perfeitamente daquela tarde de sol, Maelle e eu conectadas. Resolvi que ia lutar mais uma vez. Assim com o passar dos dias, a cada mamada, eu mentaliza nós duas nessa bolha. Não sei ao certo quando parei de sentir dor, só sei que daquele dia em diante eu só voltei a usar a bomba de extrair leite quando a minha licença a maternidade acabou. Maelle nunca pegou de verdade o meu seio esquerdo e depois de um tempo, eu desisti. Eu me sinto tão plena e realizada ao amamentá-la que nunca me importei de ser um “mono-tetê”.  Nunca me arrependi dessa escolha de amamentar com um único seio. Quando ela desmamar, eu penso no que farei. O que realmente me importa é a satisfação de poder oferecer a Maelle todo o meu amor líquido ao longo desses meses. Agora que ela é maior, eu mostro o outro seio. Se eu apertar, sai leite. Ela já colocou a boca, dá risada, mas logo agarra o outro e mama feliz da vida. Foram 6 meses de amamentação exclusiva e são quase 15 meses de amamentação prolongada. 

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Uma história de tanto amor: sobre o parto, os sonhos, a amamentação e a persistência!

Essa é a história da Julia, do Rodrigo o marido dela e da Gabi. É uma história de amor, de superação. Lembro tanto dela e do marido dela em um curso que fizemos de preparação para o parto. Tanto eu quanto ela queríamos muito o tão sonhado parto humanizado, mas tanto eu quanto ela não .... ia escrever não conseguimos, mas hoje vejo tudo sob uma ótica diferente e me sinto muito poderosa por ter tentado tudo. Sim, conseguimos passar por dois processos, sabemos a dor deliciosa de quase parir e, felizes, mas nunca resignadas, tivemos nossas crianças. Soubemos esperar a hora deles e isso é que importa: a via de parto realmente é o de menos.
Tempos depois nos encontramos no clube e batemos um rápido papo sobre nossas cesáreas. Ela estava viva, eu estava viva e nossas bebês também. Passamos por uma cirurgia necessária! 
Julia guerreira, que também alimentou sua filha não do modo que achamos que tenha que ser. Vale o olhar de compaixão a uma mãe que está ora usando a mamadeira, ora sonda, ora o peito. Reafirmo: não somos menos mães, SOMOS TODAS MÃES.
Esse é o meu presente a vocês que me acompanham aqui: para que continuemos sendo mães..e melhor, mães que amam outras mães!
Fica aqui essa história de tanto amor!
Obrigada, Julia!

Relato de Amamentação da Julia

Não foi nada como eu sonhava. Sonhei com um parto natural maravilhoso. Tive horas de contrações fortes, intensas, maravilhosas! Melhores horas da minha vida! Guardada pra sempre na minha memória e no meu coração! Horas de força, de coragem, de luz, de introspecção, de covardia, de dor, de voz. Horas de um novo casamento, de um companheirismo infinito do amor da minha vida! Horas em que achei que tudo fosse acontecer como eu sonhava! Mas um tempo muito grande depois da dilatação nos mostrou que Gabi não nasceria daquele tão sonhado jeito... nasceu lindamente por cirurgia cesariana, já com os olhinhos curiosos a perceber todo movimento ao seu redor! E sim! Mamou na primeira hora de vida! Mas mesmo nascendo de cesárea? Sim! Mesmo nascendo de cesárea! E já pegou o peito mostrando que sabia o que fazia! Pegada linda! Eu toda cansada, sem conseguir prestar muita atenção, deitada e ela lá, mandando ver! Segurada pelo pai mamando!

Depois disso tudo começou a ficar estranho... eu queria mesmo era dormir!!! Mas não me deixavam... percebi meu pai dentro da sala de recuperação, pedindo que eu abrisse os olhos e eu, lógico, ficava P da vida! Me lembro de um flash do obstetra pedindo permissão para uma nova cirurgia... lembro um pouco do caminhho até o centro cirurgico, depois só lembro de acordar deitada com meu pai ao lado sentado na escadinha com as mãos em minha mão esquerda, parecia rezar. Algumas acordadas e dormidas, e eu falava pra que ele fosse descansar, que não precisava ficar desajeitado como estava!
Ao acordar pra valer tentei falar com ele, mas não saia minha voz e não entendia muito bem o que tinha acontecido... minha primeira reação foi perguntar se ele tinha avisado minha comadre que Gabi tinha nascido! Depois perguntei por quê não conseguia falar.. E ele me explicou tudo: que eu estava em uma UTI, que tive uma hemorragia muito grande depois da cesárea e precisei fazer uma histerectomia (retirada do útero) e receber bolsas de sangue. Gabi estava bem, sendo cuidada pela vovó! (eterno agradecimento!)
"Meu Deus", pensei.
Bom... lutei pra viver e agora estou cá! Minha primeira questão foi como eu poderia estimular minha mama para que meu corpo percebesse que precisava produzir leite! Mas me disseram que não precisava, pois quando saísse dali Gabi faria esse estímulo!
Foram três loooongos dias.... talvez os mais longos da minha vida... não tinha minha filha nos braços, não podia se quer vê-la, não podia levantar, me davam banho no leito...difícil pra mim depender tanto assim das pessoas... mas que pessoas maravilhosas! Há anjos que passam pelos nossos caminhos! Pelo menos tive a companhia do maridão e do paizão (agora chamado de vô!) e visitas da família!
Ao receber a notícia que eu iria para o quarto encontrar minha filhota, que alegria!!! Me lembro bem! De cadeira de rodas, bexigas pelo quarto, e minha filhota linda! Enroladinha em uma mantinha! Ahhhh! Como é bom estar aqui! Vivendo, com esse sentimento de amor forte! Logo após o banho, pra tirar toda coisa ruim da UTI, peguei-a nos braços e já a coloquei no peito!
Só tinha colostro... uma gotiiiiiiinha de colostro... e Gabi, durante os três dias de UTI mamou fórmula artificial, por decisão do meu super pai! Então após peito, vinha o copinho ou a mamadeira com o complemento. Já no outro dia, minha querida mãe lembrou da técnica da relactação (o que eu chamo de sondinha),  as meninas da enfermagem nos ensinaram e já deu certo de cara! Precisava de bastante ajuda, mas tava rolando! Então Gabi ficava por 5 a 10 minutos em um peito, 5 a 10 minutos em outro pra aí sim darmos o complemento com a sondinha.
Saímos do hospital e eu e ela já estávamos craques em pregar e sugar a sondinha! Segurava o vasilhame com o leite com uma mão, gabi com a outra e tudo dava certo!
Daí comecei a ver que não descia o leite... lia sobre, conversava com pessoas que tiveram uma apojadura tardia, entrava em grupos de amamentação, estimulava, estimulava, estimulava... não via mais nada na minha frente... só pensava em como fazer pra produzir leite.. chorava, chorava, chorava... como assim ainda não tinha leite?????? Já bastava viver o luto de não ter o parto sonhado e o luto de não poder nem mais tentar, de não poder ter mais filhos... ainda por cima não teria leite????
Mas a esperança é a última que morre... preocupada com o peso da Gabi, fomos à pediatra e o peso dela estava ótimo! E assim continuamos: estímulo, peito, estímulo, leitura, estímulo, sonda, estimulo, homeopatia, estimulo, remédio, estimulo, chá da mamãe, estimulo, canjica, estimulo, alface e mais estimulo... Tudo que alguém falava que era bom pra leite a gente comia!
Mas nada de leite...
Uns 20 dias depois decidimos então, eu e o maridão, que continuaríamos assim, dando o leite artificial já que meu corpo não produzia, mas sempre na sondinha. Hoje confesso que foi um pouco de egoísmo da minha parte, porque eu queria que aquele momento fosse nosso, eu, Gabi e Rodrigo.
E assim minha necessidade foi preenchida! Sempre que Gabi quisesse eu estava lá, com ela nos braços, olhando pra ela, ela me olhando, segurando minha mão (porque se não ela puxava a sondinha! Kkk!)
E foi desse jeito até o meu retorno ao trabalho! Foram 5 meses de sondinha exclusiva! Sim! EXCLUSIVA! Íamos ao shopping, ao bar, ao restaurante, à casa dos avós e lá estava ele! O kit sondinha!!! Leite artificial, sondinha e potinho! Às vezes eu me sentia um ET! Mas estava orgulhosa e colocava a Gabi no peito com sondinha sim!
A mamadeira veio pra ficar na escola, que era o momento que ela não estava comigo. Ao chegar em casa era sondinha pra dormir! E aos 6 meses e um dia nós duas conseguimos um bom jeito de ficar pertinho com a mamadeira e aí nunca mais precisamos da sondinha.. Gratidão por existir a sondinha! Gratidão por me ensinarem essa técnica! Gratidão por toda ajuda no dia a dia! Gratidão eterna ao maridão Rodrigo, à minha mãe Marcia, ao meu pai Nelio e a todos aqueles que de alguma forma me deram força pra que conseguíssemos!









domingo, 16 de agosto de 2015

Adaptação na escolinha: como foi!

Então, Glorinha iniciou uma nova fase da vida dela. Depois de muito me preparar, conversar muito com outras mães, com marido, com a terapeuta, com Deus, decidimos matriculá-la na escolinha. Confesso que já tinha aquela certeza, advinda do meu instinto de mãe, que não seria nada doloroso para ela, mas muito mais para mim e, no fim, eu estava certa.
O processo foi simples, tão simples que eu nem tive e nem tenho como formular algum post longo e auto explicativo de como passar por esse processo: ele apenas aconteceu de forma natural assim como o desmame dela (que ela quis aos 6 meses), assim como ela largou da chupeta sozinha e aprendeu a andar sem nenhum tipo de intervenção. Tudo aconteceu no tempo dela.
Já sentia que o contato com outras crianças e a sede de aprender eram gigantes. Sempre a levava ora ao clube ora ao SESC para brincar, mas não existia uma rotina, nem atividades como musicalização, pintura e via nela a vontade de aprender coisas novas, de estar com outras crianças.
Aproveitei o mês de Julho para levá-la a várias oficinas onde ela teve aulas de yoga, de musicalização, de arte. Estava sempre junto para ver a reação, observá-la fazendo algo diferente. Aos poucos, ela foi percebendo que poderia articular, usar outras partes do corpo, outros sentidos. As aulas de yoga foram sensacionais e acho uma pena que as escolas aqui da minha cidade não saibam ainda dos benefícios que uma aula dessas poderia ocasionar tanto no presente como no futuro (basta torcer para que uma delas se sensibilize e ofereça essa atividade extra-curricular).
Enfim, depois de visitar algumas escolas, tive a certeza do modelo de escola que procurava para a Glorinha. Não poderia ser um local fechado, ela teria que ter liberdade para se sujar, chegar em casa marrom de tanta sujeira, que houvessem atividades extra curriculares, que a professora fosse atenciosa e delicada, que a televisão fosse usada quase NUNCA, que houvesse área verde e não uma grama sintética.
Achamos!
De todas as que eu visitei, a escolhida foi a que mais se adequou a liberdade que quero que ela sinta, um espaço grande de brincadeiras e zero formalidade, um local onde eu, a mãe, também me sinta acolhida.
Primeiro dia: Adaptação!
Fiquei lá quase uma semana (interrompemos a adaptação no último dia porque ela ficou resfriadinha e achei melhor poupá-la, mas ela voltou depois de uma semana, sem chorar e nem olhou para mim para falar tchau!). Ficamos eu, o Lorenzo e a Ju lá na escolinha. Eu a observava de longe, brincando com outras crianças, dançando, dando risada e meu coração e meu ego, pediam por algum chorinho que só aconteceu na quinta-feira porque ela já estava ficando doentinha, mas a professora soube como ninguém contornar a situação e logo estava ela de novo brincando.
A energia dela, acredite ou não, continua a mesma. Somente no segundo dia é que ela dormiu no carro e foi um ato homérico conseguir dar banho e jantar, mas ela só dormiu porque não tinha descansado a tarde. Agora aprendemos que é melhor ela almoçar mais cedo para então, descansar por 1 hora e meia e então ir para a escolinha. Tem dado certo. Ela não dorme no carro, mas acreditem ou não, ela ainda não fica cansada. Chega em casa, damos banho, o jantar, brincamos, assistimos Heidi por 30 minutos (uma novelinha alemã que ela ama!) e aí, cama, mas ela segue firme e forte nos dando a sensação de que poderia, de boa, ficar acordada até dez, onze da noite.
Já estamos na fase de irmos a escolinha, tocar a campainha, a tia dizer oi e ela entrar, como se aquele tivesse sempre sido o reino dela. Não olha para trás, não diz tchau. Ela vai, alegre e e confiante e só o meu coração é que fica apertado e morrendo de saudades, mas aí me lembro das palavras da diretora que me disse "o bom é quando os filhos carregam o pai e a mãe no coração."
Que ela nos tenha sempre em seu coração indomável!