Então, ela disse que não aguentaria mais aquela situação. Uma hora era o menor com gripe. Primeiro, foi a bronquiolite, depois foi a otite. Aí, logo depois, era maior que ora ficava gripada, ora tinha problemas no ouvido. E ela acordando todas as madrugadas para aplicar remédio em um, fazer vaporização no outro, pingar colírio. Meu pai, do céu, ela exclamou, porque não dizem que com filhos vem tudo isso?!
Vem as gripes, os catarros, as tosses que não cessam, o ar frio que pode fazer um estrago do caramba se o corpo estiver quente.
Pensou durante semanas o que poderia fazer: colocá-los em uma bolha e esperar que chegassem aos 18 anos são e salvos, sem mais nenhum doença, também em desistir de tudo, comprar uma passagem pra Indochina e fazer a Catherine Deneuve, mas logo desistiu.
Pensou em tirar a filha da escola ou até pedir um emprego lá e poderia ficar passando álcool em todos os locais, em todas as mãos, pessoas que por ali passavam. Até o momento de já tacar fogo para esterilizar tudo direito.
Comprou máscaras cirúrgicas, todas as homeopatias possíveis e inimagináveis. Caso dissessem que seus filhos ficariam imunes a todas as doenças , usando um pedacinho do casco da cobra mais rara do mundo, se dissessem que ela só precisava passar a linguinha da cobra nas costas de cada um deles e isso os protegeria de todas as doenças, ela assim o faria.
Mas não tem jeito, pensava resignada porém, nada convencida! Na verdade, todos ficam, uns mais, outros menos, ou seja, não tem como fugir, colocar o filho em uma masmorra , uma bolha de ar hiper poderosa porque nada nem ninguém poderia tirar dela a ansiedade da próxima doencinha chata e ranheta que batia a porta, sem pedir licença.
Ela até já sabia quando a desgramada estava para chegar. Glorinha se recusava a comer, a rir... Justo ela que ria para todo mundo, caia em lágrimas de tanto rir. Até na escolinha quando ela chegava sem querer bater muito papo já diziam: "vixi, já estou até vendo..."
Era a danada chegando, mas qual era o nome da danada da vez...isso ela nunca sabia. Nunca saberia!
Uma danada de doencinha mais uma danada de Glorinha, combinação explosiva! Danada de feliz, de risonha, de dada até o último fio de cabelo, daquelas que nem olham para trás para dizer tchau e que pulava no pescoço das professoras como se não as visse todos os dias. Gloria, Glorinha, simplesmente com aquele sorrisinho de lado que desbundava o ser mais triste do planeta (e olha que ela era um dos seres mais tristes desse planeta e Deus a encheu de milagre quando engravidou da Glória e do Lorenzo!).
Mas o problema era que não saia mais do consultório da pediatra. A tal da mãe preocupada, responsável por duas vidas, dois seres que vieram dela, que pariu de cesárea!
Pô, a mulher já recebeu os filhos dela de forma humanizada na maternidade, já a via há quase dois anos todo mês (já que engravidou do Lorenzo quando Glorinha tinha 6 meses) e ela lá agora, quase todo santo dia (exagerando um pouco!). Na verdade, se parássemos para pensar, a médica a via mais do que ela via o marido... praticamente! Mas, pô, Lorenzo pega tudo da Glorinha e a Glorinha pega as coisinhas do convívio com outras crianças e uma mãe assustada e na maioria das vezes sozinha, fica a ponto de surtar com qualquer pum feito na hora errada (se é que existe soltar pum na hora errada, né?!).
Desde manhã correndo de um lado para o outro. Levá-la para cortar cabelo, fechar parceria, comprar leite, pagar conta da farmácia de manipulação que do nada não tem mais whatsap (e a gente faz de conta que acredita. Bem, queridas, o dinheiro que deixei aí foi bem legal. Passado: deixei!), deixar documento no advogado da batida do carro. Ligar para a Lili e dizer que tá chegando, já deixar o prato dela pronto, fazer o suco, por favor. Chegar, tirar os sapatos, lavar as mãos. Correr para cozinha. Enquanto ela enrola, ela e a Lili olham de soslaio para a pequena não perceber que estão de olho. Deixar a lancheira dela pronta, a do Lorenzo também. Vamos, vamos, minha filhinha, você ainda tem que descansar para poder aproveitar a escolinha. O dia nessa casa começa às 5 e pouco. Todo dia eles fazem sempre tudo igual.
Pronto, escovar o dente. Colocar para dormir. Descansar por 1 hora e meia, 2 horas, mas é preciso. Lili coloca Lorenzo para dormir. Ela dá remédio para a febre, a talzinha da vez. Demora para pegar no sono. Irritada, amuada. Não, nãoooooooo! Acorda melhorzinha. Ufa! Graças a Deus!
Corre com Lorenzo para arrumar a sobrancelha e tirar o buço português no salão. Espera pouco no salão. Que delícia aquele ar condicionado e aprendendo a se fazer cada vez mais de idiota, mas beleza.
Reunião com a sócia. A física japonesa porreta que tem os pés no chão e o coração gigante. Ela fala, ela escuta. Ela fala, a japa escuta e a japa é foda. As coisas funcionam. Funcionará muito mais: chance de provar para ela que rola, chance de não provar nada aos outros que para os outros ela realmente nunca ligou. Como naquela música que diz :"os outros são os outros e só..." ou "eles passarão, eu passarinho!"
Ata rapidinho. Decidem isso, aquilo. "Terapia, De. De, segura o Lorenzo. Moço, abaixa um pouco o ar condicionado. Meu filho, sabe como é, está meio gripado."
Barzinho fofo, virou nosso ponto de encontro com wifi, com cafés deliciosos e livros evangélicos. Um ar cheio de Deus, de livros de Deus. Sentiu-se até mais santa! E mais mãe!
Barzinho fofo, virou nosso ponto de encontro com wifi, com cafés deliciosos e livros evangélicos. Um ar cheio de Deus, de livros de Deus. Sentiu-se até mais santa! E mais mãe!
E bota todas as malas no carro, calor a mil.
De prefere voltar a USP a pé.
Dá a volta para ir a terapia. Ela xinga o barbeiro e a De, andando,ouve e grita rindo: "calma, mulher."
Ela ri. Calma sim, mas quieta só quando morrer!
Chega lá. Ah, que delicia rever a Si. Si, de olhos claros.... Outra história para contar.
E fala, falamos..... Diz a ela que as coisas não podem ficar engasgadas na garganta, que não fecha com falsidade, que não consegue. Entende alguns lances, outros tem que digerir mais. Ou não... Na verdade, a gente não tem que digerir nada que nos faça mal. Focar nas conquistas, não esperar nada de ninguém.... lutar! Ainda captando a essência da conversa de hoje.
O telefone toca: escolinha.
Pede licença já com o coração sangrando na outra mão e o celular na outra.
A Cris diz: "oh Ka, Glorinha tá com febre, olhos lacrimejando, melhor vir buscar..."
Ela, pela primeira vez, fico calma, mas penso lá vamos lá "nóis" de novo a pediatra.
Melhor ter um cartão fidelidade com direito a uma escova inteligente. Vai propor isso a médica.
Pega tudo de novo bolsa, carrinho, brinquedos. Lorenzo. Vai para o carro, liga para o pai que diz qu avisou que era melhor ela não ir a escolinha. O pai é como aquelas velhinhas de 80 anos que sempre diz que avisou antes.... Um alemão praticamente!
Diz que vai encontrá-la na escolinha.
Lá encontram Glorinha, a luz da vida. Lorenzo pelado. Ela fazendo um lanchinho com uma amiguinha com o triplo do tamanho dela como se a escola fosse a extensão da casa dela. E é! Essa é a Glorinha!
Bem, vamos lá de novo....
Pediatra.... Olhos lacrimejando, febre, qual o nome dessa vez. Quem foi que chegou?
Desce do carro correndo, deixa as crianças para o pai pegar. Acha que nem precisa mais se explicar as secretárias. Já vai fazer um cartaz escrito "ADIVINHE".
Pronto!
Esperamos, se finge de morta na cadeira para dormir um pouco. Calor que mata. Ela chama mama, mama (mamãe em alemão). Lorenzo pede peito tacando a cabeça no meio das tetas dela. E ela acha que tinha que ter uma cama e uma massagem relaxante na sala de espera, mas nem tudo pode ser tão perfeito, né?!
Chega a vez deles.
Ela já entra e diz: "o lance é o seguinte, Dra, ou eu vou te sequestrar e te soltar só quando eles tiverem 18 anos, ou ganhar uma escova inteligente de bônus por vir tanto aqui ou eu me separo do Dirk e caso com um pediatra... ou uma pediatra."
Caem na risada.
Crise alérgica, melhor não ir a escola amanhã....
Ah, meu pai! Justo no dia de levar o brinquedo e trazer livrinho, mas vai buscar amanhã cedo o livrinho porque as sextas sem livrinho, não são sextas!
A Dra. ainda conta que quase me enviou uma mensagem porque ganhou um creme alemão e foi passar após o banho e o negócio não desmanchava na pele. Aquela coisa alemã mesmo. Firme e forte. Ela ria, eles também. Porque não era creme , era sabonete para o corpo em forma de creme.
Dirk diz o nome disso em alemão. Olham para ele e fazem cara de "coma"?!
Mas beleza.
Nada sério. Vamos prosseguir!
E ela diz: "então nos vemos amanhã de novo, se Deus quiser"....
Brincadeira, mas juro que pensou nisso.
Já que estão na rua, pensam em desfrutar de uma noite tranquila e jantar fora. Claro, com duas crianças (aqui entra o saco de risadas, ok?!).
Ah, tudo pode ser tão calmo e divertido... mas não!
Come em pé, se divide entre dar comida para a Gloria, para o Lorenzo, o pai acalmar a Glorinha.... Obviamente, não quer comer nada. Come o dela correndo e vai a padaria comprar os pães de queijo que a filha gosta. Ai, como é menas! E ama! Mas esse ano podem falar que foram jantar fora....ou sei lá o nome daquele evento. E ainda teve que ouvir o marido perguntando se tinha pedido uma canja com cara de nojo (ele tem nojo de canja!) e era um risoto.
Mais uma diversão.
Chegam em casa, marido coloca Lorenzo para dormir. Ela vai tomar, tentar tomar um banho divertido com a Glorinha. E o banho divertido é exaustivo, muito exaustivo. Porque são vários passos para ela não surtar... Ela é um anjinho, mas pode ser um a chatinha birrenta sim. Ela admite. Ela também assiste TV, só pra constar! E a mãe também sai a noite para se divertir e o pai que se vire! Ou ela fez os filhos com os dedos?!
O banho divertido dá certo. Está exausta.
Mas ainda tem a casa para colocar em ordem. Lembrem-se que tem que tirar tudo do carro e ainda levar os cachorros para passear e ai quando a mãe chega ao nível de sair de camisola mesmo pra passear como cachorros e não estar nem aí para a opinião dos outros ou dos vizinhos, ela mesmo já se considera um samurai. Palmas!
Pronto. Ufa!
Agora vai assistir a novela. Cadê a novela? Atena, cadê você e o Romero, quando vocês vão se pegar?!
E vai passar futebol. Futebol?!
Pois é, essa é a realidade mais triste e chocante do dia!
Pouca felicidade em um dia quente, mas pelo menos jantaram fora.
Só não pode ir a yoga com a queridona, a Natália, mas se lembrou com essa crônica de um exercício que a professora faz no começo da aula: pede que relembrem todo o dia, do momento que acordam, ao que comeram, o que fizeram, como chegaram até lá....
Ser mãe, ser mãe... é isso aí...
Às vezes é bom, às vezes é ruim, dói, enche de alegria.
É como um grande palavrão falado no momento certo que alivia tudo.
Mãe....
Um dia de cada vez... e esperando a próxima.... deixa quieto!
E ela termina essa noite ouvindo a diva Macy Gray , aqui.
And I tell friends about the love I'm in
And they want me to describe it
I say there are no words but I will try it
It's like beyond the moon and its all I do
And it knocks me off my feet
And there are moments in the day, that I cant breath
It's the first time, for me
It's the first time, I feel
True love And what it really means
Yeh, Its the first time its the first time for me
Forgive me love, forgive me love, I make me mistakes
And I know sometimes it's more than you can take
But give me one more chance bc the circumstance is that I'm just a beginner
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