domingo, 28 de junho de 2015

Depressão pós parto...quando aparece!

Eu lembro de como era a nossa vida antes de termos filhos.... Aí você estava me olhando, mesmo com a câmera fotográfica, captando momentos, momentos justamente que nunca mais voltariam. Será que algum casamento volta a ser como era antes? Ouço, enquanto escrevo, uma das nossas músicas favoritas. Lembro que mesmo distante, você na Alemanha, e eu aqui no Brasil eram recados, presentes, eram palavras de amor dia e noite, noite e dia. Cada vez que o levava a rodoviária eu escrevia uma carta para você ler durante a viagem e depois no avião. Passamos por poucas e boas, até separar nos separamos, mas você ficou firme e forte e foi uma, se não a única pessoa que cuidou de mim. O restante sumiu: amigos, parentes.... A única visita que eu recebia, a única pessoa que levava as minhas balas favoritas.... Então, fomos lutando juntos, fomos retornando, tentando solidificar o que já existia, foi a luta para engravidar (muita yoga, homeopatia, reiki, constelação sistêmica, persistência, exercícios físicos para desintoxicar meu organismo de todos aqueles remédios que nos fazem acreditar serem vitais e altamente necessários…) e aí veio a notícia. Você estava na Indonésia. Lembro que tive enjoos, mas já achava impossível engravidar, oras.  Escrevi no facebook e nunca vou esquecer que uma amiga, a Gra, escreveu: "amiga, você está grávida!"
E eu ri...Porque eu já tinha muitas, muitas dores nos seios, mas achava que eram os sintomas comuns que eu tinha sempre antes de menstruar. Mas não era: era a Glória.
Era meu anjo crescendo dentro de mim e como fui feliz nessa gravidez, em quase 30 e poucos anos de existência nunca fui tão, mais tão mais amada, nunca me senti tanto em estado de graça, em paz.... Era como se eu flutuasse no céu e tivesse encontros com Deus todos os momentos.
Era como comer o melhor chocolate, ter orgasmos sem parar, como rir com as amigas sem motivo, era como estar no meio de monges do Nepal, era como comungar, como comer quando se está com muita fome ou tomar água quando se está sedento. Era como ter Deus me dando as mãos o tempo todo.
Ela veio, ela veio. Foi uma luta para trazê-la. Mas ela veio. Ela está aqui.

Lorenzo veio logo depois. Engravidei dele quando a Gloria estava com apenas 6 meses. Foi um susto. Foi uma gravidez difícil, cuidando dela, cuidando de uma casa enorme, lavando, passando, cozinhando, tendo sido abandonada pela ajudante, com o marido fora do País.... E ela tendo febre, reação da vacina.... Eu já não era rainha faz tempo. E eu não tinha o reconhecimento que eu esperava ter. Nunca mais tive. Minha obrigação. O melhor pai do mundo, sem igual: lava, passa, cozinha, os filhos são loucos por ele...mas talvez seja eu, os hormônios.... E eu só queria uma florzinha….
Eu já não sou faz tempo.
Filhos choram, demandam atenção, tempo... Tem quem me ache dondoca porque tenho ajudante, porque tenho babá, mas que essas pessoas se danem. Porque essas mulheres que me ajudam, dizem que nunca viram uma mãe como eu, que enquanto elas seguram o Lorenzo no colo e a Glorinha brinca, eu estou aqui passando o aspirador e o pano no chão ou fazendo almoço. E a baba disse que também nunca viu uma mãe que contrata babá para ficar junto 24 horas. Essa sou eu.
Tudo mudou. A gente ouve cada coisa e, pior, ouve de pessoas que preferem acreditar em outras que sequer conhecem há tempos. Pior ainda: mal sabem elas o que essas mesmas pessoas dizem dela e se acham no direito de fazer maldade, mas oras, o importante é a gente saber quem somos, onde vamos e o que queremos...
Então, essa sou eu, meio down, meio alegre, me cuidando.... Indo atrás . Tendo depressão pós parto... e a coragem de te dizer que vamos dar conta. Que eu é que tenho que ser a minha rainha, não deixando de acreditar que há mulheres e mulheres....
Esse é meu desabafo e não tenho medo da exposição porque foi assim, conversando com mulheres que eu sequer conhecia, em lugares diferentes, em Países diferentes, que eu encontrava algum tipo de força. Porque eu me abro ao Mundo para receber o que ele tem a me dizer. Ou Deus! sei lá... e talvez essa "abertura" possa te dizer que estamos aqui, juntas...e vamos conseguir! E desabafo aqui, como se eu fosse a pessoa que você, assim como eu, estivesse sentado ao lado em algum lugar público, começasse a puxar conversa e ouvisse tudo o que eu já ouvi e te animasse a seguir, sempre em frente, a ir atrás da sua vida, parar de se anular, perder tempo com pessoas que tem inveja, ódio do que você tem e elas não (mal sabem elas que o material não quer dizer nada, mas daí vem outros que dirão “você escreve isso porque não tem preocupações financeiras.... Ah, minha filha, nunca vamos agradar ninguém).
Vá fazer sua vida, cuidar dos seus filhos, mas sem esquecer que eles crescem e irão (se Deus quiser porque ter filhos com 30 e poucos anos em casa esperando mesada e roupinha limpa, me parece extremamente depressivo e triste!).

Vá estudar, vá batalhar, vá criar. O tempo passa, voa... e vou. Eu quero ir. Vamos juntas?!

sábado, 27 de junho de 2015

Dudu te convida para saber das delícias...

Thais Ventura é mãe, blogueira do "As delícias do Dudu"esposa, futura chefe de cozinha, dona de casa. Thais Ventura é multi task. Simples assim. No mês de Julho, nos presenteará com a sua presença aqui em São Carlos com três workshops imperdíveis: Introdução Alimentar, Merenda Escolar e Meu filho Não Come nos dias 25 de Julho (Introdução Alimentar das 13hrs às 17hrs e Merenda Escolar das 18hrs às 20hrs) e 26 de Julho (meu filho não come das 9hrs às 13hrs) no Espaço Trampo S/A Espaço Coletivo. Graças a empresa Pacotinho de Ternura e outros parceiros que realmente perceberam que alimentação é tudo, principalmente em crianças em fase de crescimento.
Workshops esses que estão rodando esse Brasil já que são tantas as mães que querem sim o melhor para os seus filhos, mas como todas as mães de primeira viagem, não sabem exatamente o que fazer e como fazer. E, não dá mais para acharmos que uma boa alimentação se resume as antigas práticas de nossas avós e mães que recomendavam, por falta de informação ou ate mesmo ingenuidade, colocar gemada no leite, farinhas engrossantes para dar aquele sustento (bem ruim, diga-se de passagem), bolachas recheadas cheias de gordura hidrogenadas, bebidas lácteas e açucaradas. Não mais: em pleno século XXI onde temos Thais Ventura, Karine Durães, Bela Gil, Rita Lobo que expandem conhecimento e receitas, o sentido da alimentação saudável começa a tomar novos rumos.
Segue aqui a entrevista que Karina Petroni Fischer, blogueira do Born to be Mother, fez com Thais ventura. Deliciem-se. Uma entrevista que leva a uma bela e deliciosa aventura gastronômica.

1) Fale um pouco do seu trabalho, como surgiu a ideia de estudar alimentação infantil e criar o blog “As delícias do Dudu”?

Quando Dudu completou 6 meses e começou sua introdução alimentar, apareceram muitas dúvidas, apesar de já cozinhar desde anos atrás, eu queria oferecer a ele a mais saudável e mais nutritiva alimentação, recebi do pediatra apenas uma lista dos alimentos que ele estava liberado, mas eu não sabia como fazer, se refogava, se usava óleo ou azeite, se podia usar sal, se amassava, se batia, afinal eu era mãe de primeira viagem nunca tinha alimentado um bebê, recebi dicas das avós, mas nos tempos delas era tudo bem diferente, então comecei a pesquisar na internet sobre isso, e achei quase nada de informação relevante e séria com embasamento e principalmente não achei receitas, foi quando conheci a Karine que é nutricionista e que fez toda a diferença, então uni as dicas dela pra criar receitas pro Dudu e claro compartilhar com todos, porque eu tinha certeza que da mesma forma que tive dificuldades muitas também teriam e o que foi pra mim uma grande surpresa o crescimento super rápido do blog. Hoje apesar de não ser formada em nutrição estudo muito pra poder oferecer o melhor pra minha família e poder claro conseguir manter o blog sempre com dicas atualizadas e corretas, faço gastronomia porque cozinhar sempre foi minha paixão e aprender nunca é demais...

2) Seu filho, o Dudu, é uma figura. Além de lindo, come super bem. Foi sempre assim ou você teve dificuldades para ensiná-lo a comer bem e, principalmente, comer de forma saudável?


Ele sempre se alimentou bem, como eu disse minha prioridade era ensinar que ele comesse comida de verdade, então Dudu foi alimentado sem uso de produtos industrializados desde sempre. Produtos industrializados possuem geralmente açúcares e sódio muito elevado o que atrapalha e vicia o paladar dos bebês, ele não tomou outro leite sem ser o materno enquanto não desmamou aos quase 4 anos, nunca tomou essas farinhas engrossantes que são ricas em açúcar e geralmente atrapalham muito o paladar pra aceitação de frutas, ele não come balas e pirulitos, bolachas recheadas, refrigerantes até hoje aos 4 anos, tento ter uma alimentação bem certinha porque acredito que esses produtos atrapalham tanto o apetite quanto o paladar da criança pra aceitar comer o natural. Eu acredito muito que a criança come aquilo que ela conhece e está acostumada, se você oferece alimentos saudáveis é isso que ela vai crescer acostumada a comer.

3) Na sua opinião, quais são os piores hábitos alimentares que você tem visto nas famílias? E qual a importância de nos esforçarmos para oferecer uma alimentação saudável aos nossos filhos?

A falta de amamentação exclusiva, mamadeiras açucaradas com engrossantes, uso de industrializados em geral e falta de refeições em família.
A importância da gente se esforçar é o grande aumento de doenças relacionadas a má alimentação e ao número super alto de crianças obesas hoje... O que antigamente era doença que só víamos em idosos hoje crianças de 4/ 5 anos estão apresentando, como por exemplo colesterol alto, triglicerídeos, diabetes... Muita gente acha que somente a gordura é a vilã que causa esses problemas, mas o consumo de açúcar que geralmente é elevado demais por crianças pode ser o culpado por esses males. Alimentos industrializados são o grande mal da saúde de hoje...

4) Há famílias no entanto que restringem e muito a alimentação dos filhos: nada de açúcar, nem produtos de origem animal, nada de chocolate… Como achar um meio termo? Um brigadeirinho faz tanto mal assim, caso a criança não tenha nenhum tipo de alergia?

Acho que até 2 anos é ok ser 0 açúcar, seguindo o que indica a OMS, porque até 2 anos é a parte principal de criação de hábitos e paladar. Mas também não adianta nada ser radical até 2 anos e depois liberar de tudo... Acredito que cada família tem suas crenças e escolhem o que desejam oferecer aos filhos de acordo com o que acreditam e como é o dia a dia o que se encaixa na rotina da família, essa sim eu acredito que o quanto mais saudável melhor, dou exemplo aqui por mim, em festas Dudu come sim hoje em dia o bolo e o brigadeiro, mas continuo não incentivando o consumo de refri, balas e pirulitos. Tenho muito medo dos corantes também, são perigosos, não fazem bem. Mas eu não proíbo, se ele quer, ele prova, mas como criou um paladar saudável na grande da maioria das vezes não gosta e cospe fora.

5) Você é a favor do conceito de funky food. Deve se incentivar sempre o lúdico nas refeições?

Acho válido sim, ajuda muitas das vezes quando a criança não está disposta a aceitar. Não acho que precisa ser todo dia, se a criança come bem, fica legal pra fazer uma surpresa ou um agrado vez ou outra, eles adoram...


6) O que você acha do conceito de baby lead weaning, o método baseado nas diretrizes da pioneira do método, Gil Rapley, mamãe britânica formada em saúde pública, que iniciou o método e experiências com seus filhos e autora do livro Baby-led-Weaning?

Acho ótimo, fiz com Dudu mesmo sem ter nome na época rsrs...
Mas também sou a favor das papinhas amassadas. Cada criança é uma e nada melhor do que respeitar a vontade e observar a aceitação da criança.

7) Você virá a São Carlos conversar sobre três temas de extrema importância: crianças que não comem, como preparar uma lancheira e introdução alimentar. O que poderemos esperar desses três workshops e porque eles são tão importantes?

Introdução alimentar é o inicio de tudo, uma introdução alimentar bem feita, garante anos de alimentação tranquila rs
A merenda escolar precisa ser incentivada de forma mais saudável afinal é uma das refeições do dia da criança.
E meu filho não come é um tema que hoje em dia vemos muito, e basta as vezes um olhar de fora, uma orientação bacana que a coisa muda de figura, tem sido nosso xodó, tem dado super certo.

8) Aliás, um assunto que foi muito comentado pela mídia foi a foto da lancheira da filha da Bela Gil (água, granola caseira, batata doce e banana da terra). Muitos ironizaram, escreveram grosserias. Acompanho suas postagens e, principalmente, os alimentos que vão na lancheira do Dudu. O que você achou disso tudo e o que podemos tirar de lição?

Eu adorei, porque nada como uma figura pública pra levantar um assunto de extrema importância, depois disso já vi várias mães se empenhando em fazer lanches mais saudáveis, adorei tudo isso.

9) E o Dudu, gosta de ser um super star da alimentação saudável?

Hahaha acho que ele não se liga nisso ainda... não tem muita consciência da existência do blog, por mais que eu mostre e tal.

10) Mais projetos para frente? Vimos o blog novo (ficou lindo!). Um aplicativo que também foi inaugurado. O céu é o limite?

Eu estou investindo um pouco do meu tempo agora no delivery, é algo que gosto muito de fazer, mas sozinha não tenho dado conta de tudo rs... Quero em breve também tentar lançar um livro com as receitas mais famosas do blog.
Quando se trata de ajudar outras crianças a comer melhor eu me desdobro e não penso duas vezes em inventar e criar coisas novas pra facilitar a vida dos pais... Obrigada pela oportunidade eu e a Karine Durães estamos ansiosas pelo dia do curso junto com vocês...


MAIS INFORMAÇÕES:
Pacotinho de Ternura
Louise Cardim Ianoni
(16) 3416-2534 / 99793-7609

sábado, 20 de junho de 2015

O dia que conheci o Pedro Paulo Diniz

Então, você é convidada por uma amiga querida (na verdade, uma amiga querida perguntou a outra amiga querida se poderia nos convidar e rolou!) a festa junina da Fazenda da Toca. Você se lembra então que leu, compartilhado não sei por quem, uma entrevista que o Pedro Paulo Diniz deu, após anos de ostracismo, a revista Trip. E lá está: o cara, o bilionário no meio de todos os funcionários (de quem faz a limpeza, aos professores da escola que é exemplo na região, aos administradores, etc, aos convidados da festa). O cara, a esposa, os filhos todos juntos. Dançando, curtindo.... O mundo que você imagina de revista Caras não existe. Pelo menos, me parece que quem tem cultura de verdade e muita grana, não tem necessidade de ficar declamando e mostrando aos quatro ventos quem é, como é e para que veio. 
Logicamente que a casa dos caras é grandiosa.... 
E qual é o problema? Tipo, deve se sentir culpado por ter grana?
O lance é que esse modo de integração  funcionários versus patrão, é algo que aqui no Brasil ainda está há anos luz de distância. Vide o tratamento que algumas famílias dão as babás dos filhos: vistam branco, andem atrás da gente ou a própria funcionária do lar cuja comida é diferente do resto do pessoal, assim como também não pode sentar a mesma mesa. Ah, não nos esqueçamos, como a própria Danuza Leão já deixou bem claro em um de seus artigos que essa ascensão da classe média, só acabou com o encantamento de fazer parte da elite já que, não só para ela, como para muitos, essa classe média brasileira, também não pode (ou melhor, não deve!) ter privilégios e nem andar de avião. 
Sofremos de um problema básico: não nos misturamos. E temos orgulho disso!
Claro que quando se fala de gente como os Diniz, temos que entender que os caras não podem realmente estar em um barzinho, ir ao shopping, misturar-se porque, oras, estamos no Brasil e sequestro é algo que acontece sim e andam com segurança  24 horas.
Independe disso, o que eu vi do projeto da fazenda, do próprio Pedro Paulo Diniz nessa Festa Junina (onde cada funcionário levou sim o seu prato ora de doce ou de salgado!), foi o respeito porque em troca recebem o mesmo. 
Me deu então uma certa pena de tantas pessoas que conheço e que são chefes tratando empregados como serviçais, nunca como colaboradores.
Lembrou-me muito da Alemanha e do choque que tive na minha primeira viagem para lá em 1998 (e até hoje eu levo choques de realidade quando vou para lá): você simplesmente não consegue distinguir o dono da empresa com o empregado da empresa. Nunca em uma festa ou em um restaurante eu poderia, assim como aqui, saber. Todos são iguais e vão as mesmas festas, tem os mesmos direitos (logicamente que nesse quesito entra uma considerável estruturação política, social e econômica que estamos longe de conseguirmos, mas enfim). 
Aqui se tem prazer de delimitar o barzinho do playboy no Itaim e o do cara que curte um funk, prazer de não ajudar nos serviços de casa, muito menos deixar os filhos fazerem algo (deixem que a empregada cate as sujeiras do filho, que lave até as calcinhas. Deixe que a babá leve ao médico, que ensine até como se comportar a mesa. Já que está se pagando). Aqui se tem prazer em maltratar garçom, aqui não se pensa em formas alternativas de melhorar a vida do empregado. melhorar a vida do empregado é dar um panetone no final do ano. E nenhum projeto dentro da empresa que traga benefícios a natureza, nenhum incentivo a projetos universitários, muito menos doações. Não há essa cultura aqui também!
Mas lendo a entrevista, fica clara a coragem do cara de jogar ideologias, de recomeçar, sair daquele papel de playboy e ser, finalmente, o que tantos nós não queremos ser "normais". E sim, minha cara, ele é exatamente como ele parece ser na entrevista: na dele, em paz. E pratica yoga e meditação!
É isso que procuro também. O cara é sim exemplo e não deve ser crucificado por ser bilionário. Há trabalho duro envolvido. 

Fica também a prova nessa entrevista que dinheiro não traz toda a felicidade que a gente acha que trará. É bom, sim . Oras, não sejamos hipócritas, mas nem dinheiro, nem saúde, nem projetos se consolidam se você não acreditar.
Ah, o cara é bonito pra .... (caramba!).

Leia a entrevista completa.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

I am still alive

São 6 horas da manhã. Mais um dia que se inicia. Glorinha e o pai dormem e estou aqui com o Lorenzo, ouvindo Pearl Jam e escrevendo.
Refletindo ainda sobre minhas reações e sobre o que eu quero e com quem eu quero.
Refletindo também sobre ter coragem de assumir meus erros.
Setembro quase chegando, farei 37 anos, dois filhos, ainda procurando meu lugar ao sol já que ser mãe é bom, mas não me completa me perdoem os mais delicados, mas ser mãe não é a única coisa que quero e espero da vida! Filhos crescem, a gente envelhece...).
Avaliando o grau de compromisso de tudo na minha vida: de pessoas, de oportunidades, de amizades, até com meus filhos.
Não perder tempo com pessoas, lugares, vazios.
Lembrando que meu marido sempre me diz o quanto faço para as pessoas e me decepciono. E depois descubro alguma falsidade, alguma picaretagem, mas faz parte. A gente chora por alguns dias,mas depois bola para frente.
Não emulo quem não sou, não finjo aparências para fazer social.
Não preciso disso graças aos deuses.
Quem entra, espero que fique. Que eu leve comigo onde e como eu for, seja no coração, na alma.
Que um dia eu esteja andando por entre prados cheio de flores, lá longe e saiba que ao chegar em casa, eu abrirei a minha caixa de emails e lá estarão fotos e mensagens de quem para sempre ficará.
Por que repito: a gente não está ficando mais jovem. Estamos envelhecendo e lá na frente, o que sobrará?
Bem lá na frente, o que sobrará e o que você fará com suas mentiras sinceras que não me interessam, seu julgamento sobre o que é ser uma mãe de verdade (usar ou não chupeta, parto normal ou cesária NECESSÁRIA, cama compartilhada ou berço,  mamadeira ou copinho, apego ou um pouco mais de força?). O que será de nós mulheres, que queremos lutar contra o machismo, mas nos segregamos de forma hostil, agimos de forma grosseira?
Você que está aqui, que está lendo, que está acompanhando, faça um esforco junto comigo de não julgar. Comece hoje, comece comigo. Comecemos juntas. Não julgue o tamanho da saia, não julgue os peitos de fora ao amamentar, não julgue a escolha sexual de ninguém porque lá, bem lá na frente, será a sua vez. Pode demorar minutos, anos, mas acontecerá.
Apenas se retire, feche os olhos e agradeça por poder ser diferente em um mundo onde muitas mulheres ao invés de correrem juntas, correm uma das outras para ver quem chega antes e pega.... que prêmio mesmo?!
Nem eu sei!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Spaguetti ao sugo, por favor! Por Karina Petroni Fischer

Naquela manhã ela acordou decidida, mas era um de-ci-di-da que incluía que a decisão de decidir sobre as decisões dela era só dela: uma sensação boa, um pedacinho daquela paz que sempre quis.
Então, o que faria com aquela decisão de decidir, já que era sábado, não tinha que trabalhar? Manicure, ler um livro, comer algo deliciosamente bom e calórico, cinema?! Enquanto enumerava sua lista de “TO DO”, pensou que ultimamente tinha sido uma mulher que preferiu o nada a qualquer coisa, o zero ao risco do negativo, a sorrir amarelo a dizer dane-se. Por tanto tempo, que olhou no relógio e sentiu que já era  tempo de conviver com aquela sensação, quase que surreal, de comer um pedaço de cheesecake com coca zero deitada na cama e sujando não só a cama, como o pijama. Sujava-se muito pouco. Ora, o que pensariam? Evitava até pedir macarrão al sugo junto com os amigos.
Pronto, a decidida decidiu: ia convidar todo mundo para comer macarrão.  Lógico que pensariam que iria pedir, como sempre, algo que não a constrangesse ou aos outros, mas cara, gritou bem alto, eu faço isso há tantos anos! Pensando bem, desde que a mãe, quando ela tinha 4 anos de idade, em sua santa inocência, viu-a pegando a comida com a mão porque viu na TV crianças que faziam assim em uma aldeia e ríspida, disse: -”sua menina nojenta e sem modos, use o garfo e a faca!”
Será que ela comia macarrão com colher? Ela nunca viu! Freud, me explica?!
E ia convidar “ele”. Sim, ele e seus olhos absurdamente azuis que pareciam voar para fora e dentro, dentro e fora quando lhe dava as mãos e tudo o que ela mais queria era estar ao lado dele e daquela paz que ela temia tanto de tão desacostumada. Ah, como queria macarrão al sugo e ele.
Tuitou o recado do jantar. O mesmo restaurante,  mesmo horário: melhor não começar já assustando.  15 respostas rápidas de Ipads, Ipods, Smartphones, Notebooks, PCs. Uma vida praticamente Miojo, filosofou.
E vamos passar a fita para a frente, por favor. Não, não, ela não ficou horas escolhendo o vestido, nem o sapato e nem fez cara de desesperada em frente ao espelho. Esqueceram que ela era a decidida?
O garçom chegou.
- Prontos para pedir?
Ela foi a primeira:
- Eu quero um belo prato de spaghetti al sugo.
O mundo parou naquele momento e tal. Entretanto, lenga-lengas geralmente são para livros que depois que viram filmes, frequentemente são cortados porque um filme custa muitos milhões de dó… euros, por assim dizer. Só um adendo: ele foi o único que delicadamente passou sua mão invisível bem na sua nuca. Ninguém viu, mas ela sentiu e ele também. Ô  calor!
E o macarrão chegou: lambuzado, quase que erótico, como se Like a Virgin tocasse ao fundo.
- Garçom, por favor, me traga uma faca.
O garçom trouxe a faca e ela, naquele momento, era grande, enorme, poderia matar 10 pessoas, mas só matou a fome dela, do decote do seu vestido preto em V profundo e da toalha. Um batalhão, praticamente!
A conta chegou. Geralmente rachavam, mas não ia rachar nada. Rachar, sim, a cara daquelas caras de eu não acredito que ela matou o macarrão, ok, mas rachar vinho espumante que ela não tomava, nem pa… chega!
- Oh garçom, você cobra o meu separado aqui ó ( e foi entregando o cartão 5 estrelas toda orgulhosa). Não esquece de colocar uma boa gorjeta para ti, hein! Eu faço questão, já que eu é que comi o macarrão do jeito que eu queria e não como os outros acham que eu deveria e foi você quem trouxe a faca, AMIGÃO.
Ah, malandra! Então, era ela, ele e o macarrão: como um abraço imensurável que inseparavelmente sela e… mela!